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EPISÓDIO 12

Outubro 27, 2022

MAS AFINAL DE QUEM É O JOGO?

| Crónica Desportiva por Rui Alves

A pergunta de partida é a seguinte: de quem é o jogo? A quem pertence o Basquetebol?

 

A resposta mais óbvia é de que o jogo é dos jogadores.

Soa a cliché, mas a verdade é que para jogar os jogadores são os únicos elementos indispensáveis. Já todos vimos jogos sem árbitros, jogos sem treinadores (no 3×3, por exemplo), jogos sem público, mas nunca ninguém viu jogos sem jogadores. No entanto, recentemente têm-se multiplicado exemplos de alguma sobranceria por parte desta classe. No nosso país, assistimos ao desagrado de alguns atletas, nomeadamente em modalidades individuais, por não decidirem acerca do calendário ou local dos estágios das seleções. No basquetebol espanhol, um base de referência deixou este aviso esta semana: “Enquanto jogador tu precisas de alguma liberdade. Não tenho 20 anos, sei como jogar”. E se pegarmos no exemplo da NBA, o que dizer dos jogadores de referência a quem pedem que escolham o treinador e mesmo os colegas de equipa?

O Basquetebol pertence é aos treinadores

 

. Quem é que percebe mais do assunto? Quem o estuda mais do que os outros? Quem se forma para o ensinar e que, obrigatoriamente, tem de se continuar a formar para se manter atualizado? Mas quando ouvimos declarações do tipo “o treinador não deixa o presidente entrar no balneário” ou “O quê? Eu treinador ter que falar com os pais? Nem pensar…” é porque, na minha humilde opinião, alguns limites já foram ultrapassados. O treinador não é o Clube, nem se pode sobrepor a ele.

 

O Basquetebol é dos dirigentes.

Na verdade, a começar na direção da Federação, passando pela direção da Associação Distrital e acabando na direção do Clube, esses são os verdadeiros gestores. Diz-se que o poder está nas mãos de quem controla os recursos, e aí não há dúvida que a bola está nas mãos dos dirigentes. O presidente não precisa saber se, no jogo, vamos defender o bloqueio direto com a estratégia “x” ou “y”. Precisa sim de criar as condições para que a estratégia seja trabalhada, perceber se o jogo foi preparado e interpretar os resultados. É aqui que pode entrar o papel do diretor técnico ou diretor desportivo, um apoio importante se tiver um passado na modalidade, principalmente nos Clubes de hoje em dia que são, cada vez mais, associações de pais. Diz-se que é sempre de desconfiar quando ouvimos um diretor começar com a frase: “bem… eu não percebo bem disto, MAS (…)”.

 

O jogo é dos juízes pois claro.

 

A seguir aos médicos, é quase a classe profissional mais em falta no nosso país. Também com uma espécie de “Ordem” que felizmente os protege e apoia. É um papel muito ingrato, nomeadamente no início da carreira, que depois acaba por levar a três situações: a grande maioria abandona, por motivos vários. Uma minoria é excecionalmente talentosa, resiliente e atinge o topo da carreira em pouco tempo, com o apoio certo. E depois sobram uns quantos que alimentam o sonho de chegar ao topo, mas o seu trajeto é bem mais complicado, seja por falta de apoio, seja por si próprio, normalmente pela sua atitude como se fosse – lá está – o dono do jogo.

Mas alguém duvida que o Basquetebol é dos adeptos?

Quem vai ao pavilhão? Quem patrocina? O exemplo recente de jogar em pandemia foi a prova evidente que não parece fazer sentido jogar sem adeptos… e daí a multiplicarem-se os canais de vídeo dos Clubes foi um passo. É para dar alegrias aos adeptos que todos trabalham. O problema é, mais uma vez, os exageros. O fanatismo e a violência são uma consequência do desporto de massas… felizmente para o Basquetebol ainda são poucos os episódios tristes ou os maus exemplos que os adeptos da nossa modalidade dão.

 

Pensando bem, o jogo é da comunicação social.

 

Não são as transmissões televisivas que, tantas vezes, determinam os calendários e horários dos jogos? Por exemplo, um jogo da ACB – principal Liga Espanhola – pode ser visto num pavilhão, ao vivo, por 5.000 pessoas, mas é transmitido para mais de 150 países, do Burkina Faso ao Yemen, levando o campeonato a milhões de adeptos. E com as TV’s aparecem os comentadores, esses donos do jogo que o escalpelizam, bem como aos seus intervenientes, sem nunca perderem obviamente. Já não podem dizer o mesmo os apostadores, pois esses perdem mais do que ganham, e se um dia forem os donos do Basquetebol então é porque quase tudo correu mal.

 

De facto, o Basquetebol é muito maior do que qualquer um dos seus agentes, intervenientes, colaboradores ou seguidores. Precisamos de todos para um Basquetebol cada vez mais forte, mas que cada um perceba e atue dentro do seu papel.

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