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A “Dhika” do Rui EP19: IRS, VAR & Companhia

Maio 11, 2023

IRS, VAR & Companhia

 

| Crónica Desportiva por Rui Alves

 

 

À boleia do prazo de entrega às finanças da declaração de IRS – imposto sobre rendimento de pessoas singulares, trago aqui para reflexão o outro IRS, o IRS do Basquetebol, cuja sigla significa “Instant Replay System”. Para quem não conhece, é um sistema parecido ao VAR (Video Assistant Referee) usado no futebol e noutras modalidades.

 

No basquetebol, a sua introdução foi vista como um grande avanço tecnológico e aceite de imediato por todos os agentes. As vantagens pareciam inegáveis e deixamos aqui apenas três:

 

1. Transparência: Todas as pessoas conseguem perceber a tomada de decisão da equipa de arbitragem;

2. Verdade desportiva: num lance decisivo, nos últimos segundos, o IRS pode ajudar os árbitros a tomar a deci-são mais justa;

3. Compromisso: a oportunidade de ver e rever uma situação de jogo, a partir de diferentes câmaras e diferentes ângulos e velocidades ajuda a eliminar erros e más decisões.

 

A discussão seguinte foi esta: quais seriam afinal as situações em que os árbitros poderiam recorrer ao IRS? Resultou num manual que, não cabia aqui nesta crónica, mas que limitou essa opção de revisão das imagens a cerca de uma dúzia de situações. Passados anos, ainda há quem grite da bancada “vai ver ao VAR!!” jogadas que não são passíveis de revisão. Também há situações que podem ser revistas em qualquer momento do jogo, outras em qualquer final de quarto e outras ainda nos últimos dois minutos do último quarto ou prolongamento.

 

O passo seguinte foi o de colocar o IRS, ferramenta inicialmente utilizada apenas por árbitros, ao serviço dos treinadores. Isso acontece em alguns campeonatos em que, mais uma vez, em situações muito específicas, os treinadores podem pedir o chamado challenge (a revisão da jogada por parte da equipa de arbitragem). É um procedimento que tem evoluído e vai sen-do diferente de liga para liga. Em alguns países, o treinador tinha apenas uma possibilidade e tinha de pedir um desconto de tempo para solicitar o challenge. Atualmente, por exemplo na Liga ACB de Espanha, os treinadores têm direito a dois challenge, na primeira paragem de jogo, renovados indefinidamente enquanto tiverem razão.

 

E com tanto challenge chegaram as críticas ao sistema, nomeadamente:

 

1. O uso do IRS leva a demasiadas interrupções na partida, prejudicando a fluidez e o ritmo de jogo que se deseja;

2. O recurso ao IRS por vezes é demorado, o que alimenta em jogadores, treinadores e público a ansiedade e, consequentemente, a frustração no caso de decisões desfavoráveis;

3. Nem sempre a realização televisiva consegue captar imagens 100% esclarecedoras sobre um lance, o que leva a alguma inconsistência e controvérsia.

 

Para responder a estas dificuldades, as ligas foram criando soluções. As primeiras foram a pensar nas pessoas que acompanham as transmissões televisivas (a maior fatia do mercado). Passaram a permitir que, quem acompanha o jogo em casa, veja exatamente as mesmas imagens que os árbitros estão a rever. Além disso, os árbitros usam um microfone antes de rever as imagens para dizer o que vão reavaliar e a pedido de quem. Quanto aos adeptos que pagaram o bilhete e estão no pavilhão, os treinadores e os jogadores, esses passaram a ser tratados de igual maneira. Ouvem do mesmo microfone e reveem as imagens nos ecrãs gigantes do pavilhão, exatamente as mesmas que os árbitros estão a ver e também quem acompanha o jogo em casa.

 

Posto isto, já viram a responsabilidade e a coragem que é preciso um árbitro ter para tomar uma decisão que está a ser escrutinada, naquele momento, por milhares de pessoas à sua volta e, quem sabe, milhões à distância através da televisão? Mais, pessoas essas que normalmente não são isentas nas suas interpretações.

 

Levantam-se vozes a pedir para que haja mais momentos do jogo em que seja possível recorrer ao visionamento das imagens. Mas também as há a reclamar o final do IRS, VAR e sistemas do género, com o argumento que o erro sempre fez parte. Quando isto acontece é porque, talvez, o equilíbrio do sistema na atualidade esteja a ser a resposta adequada para o momento em que vivemos.

 

 

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