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A “Dhika” do Rui EP22: O melhor e o pior do Europeu de Matosinhos

Agosto 11, 2023

O melhor e o pior do Europeu de Matosinhos

 

| Crónica Desportiva por Rui Alves

 

Como é que a expressão “Europeu de Matosinhos” identifica um evento mais rapidamente do que se tivéssemos escrito “Europeu em Portugal” ou “Europeu de Sub-18 Masculinos”? A resposta é simples: são 10 anos disto! 10 anos! 10 anos em que Matosinhos acolheu Campeonatos da Europa de cinco categorias diferentes (das seis possíveis), além de Challengers e fases de apuramento de Europeus e Mundiais dos escalões seniores.

 

A recordação mais curiosa que guardo deste último europeu foi na noite do ensaio da cerimónia de encerramento. Comigo estava uma das responsáveis da FIBA e o Carlos Maganinho, companheiro de outras andanças e um dos totalistas na colaboração nestes Europeus. A preparação da cerimónia de encerramento estava a acontecer com o máximo rigor, ao ínfimo detalhe. Foi nesse momento, com alguma nostalgia à mistura, que o Maganinho partilhou uma recordação da cerimónia de há 10 anos… em que estava ele e um colega, atrás do palco que servia de pódio, com aqueles tubos de confetis, à espera que a taça fosse entregue para os rebentarem. Século passado!

 

Por falar em cerimónia de encerramento, o pior deste Europeu, na minha modesta opinião, é a ausência de alguns países neste ato que honra vencedores e vencidos. Como é possível a FIBA não obrigar, ou mesmo castigar, uma seleção que decide ir às compras ao outlet, passear ou ficar a descansar no hotel em vez de participar na cerimónia final? Não há justificação possível… Eu pergunto-me, e se tivessem um lugar no pódio? Iam faltar? Numa sociedade cada vez mais individualista e orientada para a vitória, acho decisivo sermos capazes de educar os jovens para saberem perder, ultrapassando a frustração e parabenizando os vencedores. Se isto se aplica aos torneios da minha escola básica… como é possível numa competição deste nível não ser tido em conta?

 

Um outro assunto que muito se tem falado, mas quase nunca se tem escrito, é o da atitude dos jogadores de hoje comparativamente ao passado. Não tem a ver com a nossa seleção em particular, nem com outras deste Europeu, mas são reflexões sobre o que acontecia “no meu tempo”. Os jogadores sentiam-se agradecidos pelas condições (poucas) que lhes eram proporcionadas e hoje isso não parece acontecer. Por exemplo, ter um fisioterapeuta era uma bênção e fazia-se fila à porta do seu quarto para recuperar para o jogo seguinte. Hoje, se o quarto é ao fundo do corredor, não me dou ao trabalho sequer de lá ir buscar gelo. Também parece que hoje o horário para uma refeição, uma sessão de vídeo, ou até para a saída para o treino, é algo meramente indicativo… se os elevadores estiverem ocupados já temos desculpa… e nem pensar em descer pelas escadas. No tal “meu tempo” era impensável alguém chegar ao pequeno almoço e retirar sete pães de um cesto sabendo que algum dos seus colegas ia ficar sem pão. Mesmo que fosse de outra seleção. Onde é que temos falhado para estas coisas terem mudado tanto em tão pouco tempo? Mas atenção que isto não é só um apontar de dedo aos jogadores, pois também alguns treinadores e dirigentes de seleções presentes que, por exemplo, entraram em “modo férias” ao fim da segunda derrota… e mesmo ao nível dos árbitros, quem os acompanha há vários anos também regista a mesma tendência de uma atitude menos comprometida com regras, princípios e valores.

 

Quanto ao que de melhor aconteceu, é muito difícil eleger… talvez começar pela aderência e envolvimento do público continua a ser qualquer coisa de fenomenal, quase inexplicável. E depois da primeira derrota de Portugal, apesar de tangencial e com um jogo bem conseguido, ninguém ficou em casa. E depois da segunda derrota, em que as melhores expectativas apontavam para meia casa, no jogo três foram mais de 3000 almas a entoar o hino e a gritar pela equipa nacional ao longo dos 40 minutos.

 

Na categoria dos melhores têm que figurar os voluntários-guias que acompanharam as equipas. De voluntários só o nome porque foram altamente profissionais, sendo a primeira linha de uma organização, toda ela, exemplar. Perguntem aos selecionadores e dirigentes que representam Portugal lá fora se alguma vez sentiram um tratamento semelhante no que diz respeito à comunicação com a organização ou à resolução de problemas… é que nem perto disso.

 

 

E a fechar o capítulo dos melhores, não podemos deixar de referir os invisíveis. É que o Pedro e a Nádia (nomes fictícios) vestiram as mascotes – o Blitz e a Tiry – e, durante todo o evento, animaram, dançaram, arrancaram sorrisos e abraços, fizeram um trabalho fantástico e não tiveram a possibilidade de sair do anonimato para receber um justíssimo aplauso.

 

 

Desculpem lá o texto mais longo que o costume mas as férias são um tempo bom para as leituras. Aproveitem!

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